O processo de urbanização no Brasil pode ser verificado, em verdade, desde o seu descobrimento.
No entanto, devido ao modelo econômico adotado no país, que se prendia basicamente ao meio rural, sendo este o ponto de sustentação e manutenção do país, as cidades permaneciam num segundo plano.
O meio rural era o sustentáculo das cidades e essas dependiam das grandes fazendas para sua existência.
No início do século XX, entretanto, quando ocorrera a Revolução Varguista (1930), o modelo econômico do país passou a ser alterado.
Getúlio Vargas passou a incentivar o processo de industrialização nacional, que embora fosse surgindo de forma morosa e paulatina, dava mostras de que havia vindo para ficar.
Pode-se deduzir, então, que com o surgimento e crescimento de Parques Industriais no país, cresceria também o número de cidades e o tamanho das mesmas. As cidades passaram a contar com maior volume de habitantes.
Todavia, a urbanização no Brasil intensifica-se sobretudo a partir de 1950, quando a atividade industrial ganha importância no cenário econômico nacional.
Em 1950, 36,2% da população brasileira vivia na área urbana; tratava-se, portanto, de um país predominantemente rural. Trinta anos depois, a situação se inverteu: 67,5% da população era urbana.
CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS
Esse extraordinário crescimento da população urbana foi conseqüência direta do intenso êxodo rural.
Ocorrida em função do crescimento industrial, essa migração rural-urbana tem origem nas transformações introduzidas no campo, que liberam grandes parcelas de mão-de-obra rural, particularmente de algumas áreas do Centro-Sul (planalto Paulista, norte do Paraná etc). No entanto, a mais importante causa do êxodo rural, sem dúvida, são as precárias condições de vida do trabalhador do campo, que sem acesso à terra e em condições de miserabilidade, dirige-se para a cidade como último recurso para sobreviver. Tal êxodo rural, sem planejamento algum, gerou um quadro sócio-econômico dramático na área, onde milhões de pessoas aglomeram-se em favelas e cortiços, marginalizadas do processo econômico. Como alternativa se ocupam com serviços esporádicos – os chamados subempregos, como vendedores ambulantes, por exemplo. O lado mais dramático do problema, porém, diz respeito às crianças, que formam, hoje, um verdadeiro exército de milhões de menores abandonados. Fruto de graves desequilíbrios econômicos que induzem a desagregação familiar, o problema dos menores abandonados, assim como o de toda a população marginalizada em favelas e cortiços, vem se tornando a tônica de discussões diárias, chamando a atenção da população, da imprensa e dos políticos.
Tal quadro, favorecendo o aumento da marginalização e da criminalidade nos centros urbanos, tem encontrado abordagens as mais diversas, desde as que falam em aumento do efetivo policial até as que sugerem prolongar o período escolar diário, para que o Estado assuma a criação dos menores em todos os níveis.
Como o “MST” - Movimento dos Sem Terra - há também os que exigem soluções a partir da origem do processo, ou seja, mudanças na estrutura fundiária, através da reforma agrária, e nas prioridades de orçamento, que deveriam estar mais voltadas para aspectos sociais, como saúde, educação, moradia, etc.
O processo de urbanização dos países do terceiro Mundo, como o Brasil, iniciou-se há pouco tempo, em geral após 1945, mas ocorre atualmente num ritmo bastante intenso.
No Brasil, por exemplo, a população urbana passou de 36% do total em 1950, para 56% em 1970, 67% em 1980 e cerca de 78% em 1995. Na Argentina e Uruguai, que são os países subdesenvolvidos mais urbanizados do mundo, a população urbana já ultrapassa - e muito - a cifra de 80%. Mesmo alguns países da África e da Ásia, nos quais somente uma pequena parte da população vive nas cidades como Gana (38%), Nigéria (22%), Tailândia (18%), Paquistão (29%) e Bangladesh (18%) - estão se urbanizando rapidamente.
Todavia, essa urbanização não é “normal”, já que não é acompanhada de igual ritmo de industrialização. É claro que, alguns mais, outros menos, esses países também estão se industrializando; mas tal industrialização não acompanha, quanto à criação de novos empregos, o intenso ritmo da urbanização.
A saída de pessoas do campo para a cidade, nos países subdesenvolvidos, não se dá, em primeira instância, pela mecanização das atividades agrícolas e pela oferta de empregos urbanos, mas sim pela criação de novos empregos no meio rural a um ritmo menor que o do crescimento demográfico. Assim, a cada ano novos contingentes humanos são expulsos do campo pela falta de empregos nessa área. Além disso, as cidades, especialmente as grandes metrópoles, exercem um fascínio muito grande sobre o homem rural, pois dão a impressão de oferecerem uma vida mais fácil, mais moderna e com maiores possibilidades de progresso social.
Como resultado desse desnível entre urbanização e oferta de novos empregos urbanos, são comuns nas grandes cidades do Terceiro Mundo as paisagens que mostram lado a lado o moderno e o tradicional, o excessivamente luxuoso e o paupérrimo: os bairros ricos ao lado de imensas favelas, os modernos edifícios de escritórios ao lado de prédios deteriorados e cheios de cortiços, o empresário em seu carro com motorista particular numa avenida onde mendigos pedem esmolas e crianças ou subempregados vendem bugigangas.
CONURBAÇÕES
O crescimento da área urbana de algumas cidades fez com que, paulatinamente, os centros menores que se encontravam nos arredores desta cidade em crescimento passassem a sofrer influência direta deste crescimento e também estas cidades tivessem um princípio de expansão do seu sítio urbano.
Assim, aos poucos, cidades passaram a ter suas áreas urbanas interligadas, forçando os governos locais a um planejamento supra-municipal, isto é, um planejamento que vai além do município principal da região.
A este fenômeno relativamente novo no Brasil, denominou-se conurbação.
Hoje, estas conurbações são muito comuns, já atingindo até mesmo cidades de porte mediano.
Mas também são freqüentes entre grandes cidades, formando as metrópoles.
A mudança da população do meio rural para as cidades é determinada pela repulsão que ocorreáreas de estagnação econômica (seja esta por qualquer fator) e, concomitantemente, pelo surgimento de uma área de atração (que nem sempre corresponde verdadeiramente a uma área que haja oferta de empregos). No caso desta última, é ela determinante no formato da migração urbanizadora do país, pois gira em torno de um processo associado à metropolização, ou seja, a migração no Brasil, como característica da migração tardia (de países que tiveram processo de industrialização mais recentemente), está voltada para uma freqüente busca de cidades que já sejam grandes metrópoles. Como num “círculo vicioso”, a cidade atrai pessoas pela sua grandeza. Quanto mais migrantes chegam, mais ela cresce, atraindo mais e mais pessoas.
No Brasil, já aparece uma megalópole, ou seja um centro econômico cuja área abrange aproximadamente 46.000 km²(cerca de 0,5% do território brasileiro), mas onde estão cerca de 23% da população do país, as duas metrópoles nacionais, Rio de Janeiro e São Paulo, e mais de 60% da produção industrial do Brasil.
Na atualidade, no entanto, há grande mudança quando se trata de urbanização do país. Devido ao fenômeno que vem acontecendo, especialmente nesta última década, onde grandes empresas estão se mudando para cidades de porte mediano, além das novas indústrias que chegam ao país também estarem procurando cidades de porte médio, pode-se notar que as migrações mais recentes também têm se destinado a este tipos de cidades, fazendo com que elas cresçam mais que as grandes metrópoles.
Para este caso servem como exemplo Divinópolis, Uberlândia, Uberaba, Juiz de Fora, Sete Lagoas e Governador Valadares, em Minas Gerais; ainda, Camaçari, na Bahia; Serra Talhada, em Pernambuco; Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Marília, Sorocaba, Piracicaba e outras, em São Paulo; Petrópolis, Valença, Três Rios, Nova Friburgo, Resende, Campos e Barra Mansa, no Rio de Janeiro.
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