terça-feira, 13 de janeiro de 2009

FUVEST 2ª FASE – 2009 –GEOGRAFIA

Q.01

O conflito envolvendo Geórgia e Rússia, aprofundado em 2008, foi marcado por ampla repercussão internacional. Outros conflitos, envolvendo países da ex-União Soviética, também ocorreram.

a) Explique a relação entre o fim da União Soviética e a proliferação de movimentos separatistas na região.

O colapso político e econômico soviético favoreceu a emergência de movimentos nacionais separatistas em repúblicas até então dominadas pela

Rússia. Contribuiu também para esse fato a diversidade étnica, religiosa e cultural já existentes associada à política stalinista de russificação. O sucesso de muitos desses movimentos incitou outros povos a também lutarem por independência após a dissolução da URSS, o que tem sido acompanhado por forte repressão russa, pois estes ameaçam a soberania desses novos países.

b) Explique como a Rússia reagiu ao movimento pela independência da Ossétia do Sul e aponte as razões que motivaram essa reação.

A Rússia reconheceu a independência da Ossétia do Sul face ao governo georgiano. Deu apoio tático, bélico e a concessão de cidadania a separatistas da

Ossétia do Sul, tendo os ataques da Geórgia como resposta a essas atitudes. A Rússia atacou posições georgianas, ale gando defesa humanitária da Ossétia do Sul frente a agressão georgiana. A Rússia reagiu desse modo ao alinhamento da

Geórgia aos interesses dos EUA e da União Europeia numa região considerada estratégica (Cáucaso). Outro fator importante foi a resposta russa ao apoio ocidental na independência de Kosovo, contrário aos interesses russos e de seus tradicionais aliados sérvios.

c) Cite outro exemplo de movimento separatista recente nessa região.

Os movimentos separatistas na Chechênia, no Daguestão e na Abkhásia são outros exemplos de movimentos autonomistas na região do Cáucaso.

Q.02

As pirâmides etárias acima representam dois modelos de estrutura demográfica de diferentes grupos de países.

a) Caracterize cada uma dessas pirâmides quanto às taxas de natalidade e à expectativa de vida.

A pirâmide I caracteriza a estrutura etária de países com baixos índices de natalidade, pois apresenta a base estreita em relação ao corpo, indicativo de um menor percentual de jovens. O corpo e o topo mais largos indicam maior percentual de adultos e idosos, consequência de elevada expectativa de vida. A pirâmide II possui base larga, em razão do maior percentual de jovens em países de elevado índice de natalidade. O corpo e o topo mais estreito evidenciam menores percentuais de adultos e idosos, fato típico de países com baixa expectativa de vida.

b) Quais são as condições de desenvolvimento de países representados pela pirâmide etária I ? Analise essa pirâmide, considerando aspectos econômicos, sociais e migratórios do grupo de países hipoteticamente representados.

A pirâmide I caracteriza países com alto nível de desenvolvimento humano. São países com melhores condições de acesso a serviços de saúde, saneamento e alimentação. Melhores padrões de renda e escolaridade favorecem o planejamento familiar espontâneo por parte da população. Contudo, esses países podem apresentar carência de mão-de-obra jovem e pouco qualificada, o que poderia incentivar imigrações e o aparecimento de problemas como a xenofobia.

Q.03

Conforme a ONU – Organização das Nações Unidas, o número de refugiados tem crescido nos últimos anos.

Em relação a esse fenômeno:

a) Cite duas causas principais desses deslocamentos, explicando, ao menos, uma delas.

Os deslocamentos dessas populações ocorreram em países com baixo padrão social e diferentes formas de conflitos. Na busca por melhores condições de vida, parte desses refugiados buscam áreas mais prósperas e estáveis do que as de seus países de origem. Conflitos violentos e de longa duração motivaram a saída dessas populações por razões de segurança à sua integridade física.

b) Faça uma análise crítica do caso afegão, considerando os respectivos países de destino.

O Afeganistão foi alvo de intervenção direta de grandes potências nas últimas décadas, como a ex-URSS na década de 1980, e forças da Otan, desde 2001, fatos que justificam o maior número de refugiados entre os países apresentados na tabela.

O Paquistão e o Irã foram destinos de refugiados afegãos porque são países vizinhos, o que facilita o deslocamento fronteiriço. Nesse caso, a presença de afegãos nesses países é um fator de instabilidades: étnica no Paquistão, pois muitos são Pashtun; e no Irã, religiosa, uma vez que os iranianos são majoritariamente xiitas e os afegãos, sunitas. Alemanha, Países Baixos e Reino Unido são países que oferecem melhores condições de vida e leis que favorecem o recebimento de refugiados, sobretudo nos casos de países que sejam alvo do interesse de suas políticas externas.

Outro fato importante é a presença de grandes populações muçulmanas nesses países, o que permite uma rede de contatos com refugiados de países islâmicos. Por outro lado, os afegão são em grande parte pobres e pouco qualificados, o que

agrava o problema da xenofobia nesses países europeus que o recepcionam.

Q.04

Os ciclones tropicais formam-se sobre os oceanos, em região onde a água é quente e o vapor d’água,

abundante. Eles nem sempre evoluem para um furacão, mas suas trajetórias no Atlântico Norte favorecem essa evolução.

a) Caracterize os furacões quanto às latitudes e às pressões atmosféricas das áreas em que se originam.

De uma maneira geral os furacões ocorrem em áreas de transição entre baixas e médias latitudes (entre 20º e 30º), principalmente no hemisfério norte. São áreas que em função da maior incidência de calor solar, durante o verão, apresentam baixas pressões atmosféricas. O calor provoca um superaquecimento das águas oceânicas superficiais dando origem a correntes de ar quente convectivas que turbilhonam e originam os furacões.

b) Identifique as regiões onde os furacões ficam enfraquecidos em suas trajetórias.

A rota constante no mapa mostra uma intensificação do furacão no sentido da costa sul dos EUA, enfraquecendo em direção ao interior do território do país, quando as temperaturas e o atrito do solo se alteram e o furacão se transforma numa tempestade tropical (TT).

c) Caracterize os impactos sociais e infra-estruturais dos furacões sobre países insulares na área representada acima. Cite, ao menos, um desses países como exemplo.

Os furacões causam destruição de moradias, perdas de vidas, atingem as atividades produtivas (da lavoura e das indústrias), geram desemprego e consideráveis perdas econômicas. Obras públicas como vias de transportes, pontes, barragens correm o risco de destruição. Quanto mais pobre o país, piores são os efeitos da passagem do furacão.

Países como o Haiti, a República Dominicana e Cuba são duramente atingidos.

Q.05

Considere os mapas ao lado e seus conhecimentos para responder.

a) Compare o uso da água em relação ao total disponível do Brasil ao de países de clima temperado oceânico na Europa, considerando o Mapa A. Justifique sua resposta.

Para uma análise comparativa entre o uso da água e sua disponibilidade entre Brasil e os países europeus de clima temperado oceânico, deve-se considerar a área, o total populacional e a densidade demográfica. No Brasil, o uso da água em relação ao total disponível é menor, isso se deve a uma maior oferta de recursos hídricos em áreas tropicais, uma vez que as médias pluviométricas apresentam-se mais elevadas. Outro fator relevante é a grande extensão territorial e a baixa densidade demográfica, por isso o consumo relativo é baixo.

b) Analise o Mapa B, considerando o uso da água em relação ao total disponível, para os EUA. Explique, identificando, ao menos, duas razões.

No período considerado a situação dos Estados Unidos piorará comparando-se as possibilidades de consumo de água face a sua disponibilidade, por causa do crescimento da demanda por sua economia e população em expansão e também ao comprometimento de mananciais, reflexo do inadequado manejo de uso do solo, sobretudo na bacia do Mississíppi, além da Costa Oeste. Devemos destacar que o incremento dos agronegócios sobretudo na produção de grãos (milho e soja) e de algodão que contribuíram para elevar a demanda por água.

Q.06

O processo de desconcentração industrial no Brasil vem sendo apontado como um dos responsáveis pelos altos índices de desemprego verificados em algumas áreas metropolitanas. Ao mesmo tempo, o setor terciário tem sido, reconhecidamente, o grande empregador no atual estágio de desenvolvimento da economia brasileira. Com base nessas informações e em seus conhecimentos,

a) cite e analise duas causas possíveis dessa desconcentração industrial;

O processo de desconcentração do parque industrial brasileiro ocorrido com maior intensidade nas últimas décadas decorre do aumento do custo dos insumos de produção, nos velhos centros industriais, principalmente na metrópole paulistana e no ABC paulista, como: mão-de-obra, em razão de maior organização dos trabalhadores, na sua maioria sindicalizados no setor secundário; energia, face a perspectiva de ocorrência de um colapso no fornecimento (apagão ou black-out); transporte, por causa da saturação da infraestrutura; terrenos, cujos preços foram majorados pelo processo de especulação imobiliária, inúmeros tributos, problemas ambientais, que impõem

restrições legais relacionadas ao uso do solo, emissão de poluentes, geração de resíduos e lixo etc.

Soma-se a esses fatores a ação do poder público interessada em minorar as desigualdades regionais, em incorporar novas áreas ao espaço econômico nacional, além da ação de Estados e Municípios reduzindo a carga tributária (Guerra Fiscal) oferecendo incentivos creditícios e facilidades para a apropriação de recursos naturais na contratação de mão-de-obra.

b) explique por que o setor terciário tornou-se o maior empregador do país.

O setor terciário apresenta uma maior diversificação de atividades do que o secundário e o primário, os quais tornaram-se mais automatizados nas últimas décadas. Como o setor de serviços absorve tanto a mão-de-obra de alta qualificação profissional quanto a de baixa qualificação, inclusive um maior contingente de trabalhadores informais, ocorre no País uma hipertrofia do setor terciário – comércio, serviços e profissões liberais.

Q.07

No período colonial, a escravidão africana e a pecuária bovina interligaram, de algum modo, as várias “ilhas regionais” daquele antigo “arquipélago econômico”, conforme definido por alguns autores.

Com base nessas informações e em seus conhecimentos, identifique

a) as duas principais portas de entrada e respectivas rotas de penetração do gado nordestino sertão adentro, durante a fase colonial;

A atividade criatória iniciou-se como apoio à atividade principal do Brasil colonial, especialmente no Nordeste, que era a plantação de cana e a produção de açúcar. Assim, a partir do agreste, o gado avançou adentro, em duas direções, uma pelo Sertão do Nordeste ocupando todo o Vale do São Francisco, que recebeu o apelido de Rio dos Currais, e, outra que a partir do Médio São

Francisco ocupa o Sertão Nordestino para o Norte, em direção ao Vale do Rio Parnaíba, formando o Estado do Piauí, parte do Maranhão e do Ceará, atingindo o litoral setentrional do Nordeste.

b) a frente pioneira da expansão pecuária bovina no Brasil de hoje.

No Brasil da atualidade, o gado avança pelo Centro-Oeste, em direção à região norte, no que convencionou chamar de “Arco Sul do Desmatamento”. Isto ocorre em função de vários fatores como a facilidade de acesso permitida pelas melhorias nas estradas que penetram na borda sul da floresta (vindas do Centro-Oeste), a mudança de atividades no Centro-Oeste, como o avanço das lavouras comerciais, como a soja e o algodão, que valorizam as terras e empurram o gado em direção ao norte, além do aumento do contingente de cabeças em função do crescimento das exportações de carne. O gado cumpre a função de desbravador, ocupando o território após o desmatamento por meio das queimadas, ajudando a “assentar” o solo.

Ele é substituído, logo após, pela lavoura comercial, avança em direção ao norte, colaborando com novos desmatamentos.

Q.08

O local assinalado no mapa, com um círculo, é uma das áreas em conflito na Amazônia Legal, hoje.

a) Identifique essa área e cite os sujeitos sociais envolvidos no conflito aí presente.

A área em questão corresponde a Reserva Raposa Serra do Sol, uma porção setentrional da Amazônia, na fronteira do Estado de Roraima com a Venezuela e a República da Guiana.

Os sujeitos sociais envolvidos são principalmente nações indígenas e rizicultores, além de garimpeiros, lideranças políticas e militares estaduais e federais, organizações não governamentais em defesa do meio ambiente e das nações indígenas.

b) Explique as razões da existência desse conflito.

As razões do conflito nessa área estão associadas às disputas territoriais relacionadas ao julgamento da demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol em terras contínuas.

c) Por que tal conflito tem sido considerado uma questão geopolítica?

O conflito tem sido considerado uma questão geopolítica por estar localizada em região fronteiriça despertando interesse dada sua posição estratégica na América do Sul, rica em recursos minerais e de grande biodiversidade. Devemos destacar que o apoio dado às nações indígenas por grupos privados envolve interesses diversos de cunho político, social, econômico e ambiental, questionadas por setores militares como sendo uma possível ameaça à soberania nacional. Além disso, lideranças estaduais defendem interesses econômicos dos produtores agrícolas locais, alegando a demarcação em terras contínuas o que se constituiria em um obstáculo ao desenvolvimento do Estado.

Q.09

Observe os dois mapas acima. Ambos representam diferentes regionalizações do espaço brasileiro. O de nº 1 apóia-se nos conceitos de “pólo” e “hierarquia urbana” e o de nº 2, no de “eixo de integração e desenvolvimento”.

a) Apresente, ao menos, dois critérios para a consideração da área destacada no Mapa 1 como uma região.

Devido à grande variedade físico-natural da área destacada, os critérios que deverão ser considerados para a concepção dessa região deverão ser geoeconômicos. Trata-se de uma região polarizada pela Metrópole Paulistana, que em face do seu dinamismo industrial, comercial e financeiro foi dotada de uma melhor infraestrutura de trans porte, energia e armazenamento. Assim, podemos destacar como principais critérios o da polarização urbana exercida por São Paulo e a complexa infraestrutura de transporte intermodal que faz com que a região funcione como um grande corredor de exportação. Temos em destaque, o agronegócio do gado, soja, cana e algodão, entre outros e a produção industrial ao longo dos eixos rodoferroviários até o Porto de Santos.

b) Justifique a delimitação da área de influência de número 3 do Mapa 2, destacando as principais infra-estruturas de transporte aí presentes.

A área 3 abrange porções do território entre os estados de Goiás, Tocantins, Pará e Distrito Federal. Até o advento da criação de Brasília, a região sofria de considerável isolamento em relação à economia nacional. Após o surgimento da Capital Federal, o governo passa a desenvolver uma infraestrutura de transportes que tem início com a criação da rodovia Belém-Brasília. Essa rodovia permitiu o acesso a uma futura área onde se descobriu as reservas minerais de Carajás (PA).

Nessa região um novo sistema de transportes foi desenvolvido, com a criação da ferrovia E. F. dos Carajás que, com 980 km, chega ao porto de Itaqui no Maranhão, exportando ferro e cobre. Outras rodovias se desenvolveram ligando Mato Grosso e Pará e, mais tarde, tiveram início as obras da ferrovia Ferronorte entre o Distrito Federal e Maranhão, com o propósito de escoar a produção regional.

Q.10

Considere a figura e seus conhecimentos para responder.

a) Anote, na folha de respostas, os números de 1 a 5 correspondentes a cada unidade de relevo ou de estrutura geológica.

No perfil topográfico do Estado de São Paulo, temos:

1 – Planalto Ocidental

2 – Depressão Periférica

3 – Bacia Sedimentar de São Paulo

4 – Escarpa da Serra do Mar

5 – Planície Flúvio-Marinha

b) Compare as áreas A e B quanto às atividades agrárias espacialmente predominantes, relacionando essas atividades a características do relevo.

Na região identificada com A, o Planalto Ocidental Paulista, a suave declividade e topografia plana dos planaltos de arenito-basalto facilitaram a implantação de culturas de grande escala, que ocupam vastas extensões que variam, desde cultivos perenes como a laranja, o café, até culturas temporárias como a cana. Na área B, o Planalto Oriental Paulista, constituído de terrenos cristalinos movimentados, com consideráveis inclinações, limita a lavoura à proximidade de vales de rios, ou a poucas áreas planas, induzindo principalmente aos cultivos temporários como o plantio de hortifrutigrangeiros e criação do gado leiteiro.





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