segunda-feira, 26 de julho de 2010

Exerícicio de Filosofia/Sociologia para o 3º Ano - recuperação

1 - Partindo do significado grego de política, por que é considerado correto não nos abstermos de praticá-la?
A palavra política vem do grego “polis”. Nesse sentido, a política está representada através da atuação do povo, ou moradores de uma cidade no sentido de participarem de sua administração, isto é, de seu governo. Assim, não devemos nos abstermos de praticá-la pois não é correto dizer que nada temos a ver com a política e de que ela não faz parte da vida do povo. No sentido mais original de política, ela não deve ser encarada como uma coisa externa e desligada de nós, mas, ao contrário, ela deve ser tomada como uma atividade inerente a qualquer pessoa que participe de uma sociedade.“A finalidade da política é o bem comum”

2 - A ação política, porém, não é exclusividade de alguns indivíduos especiais, tais como reis, presidentes e parlamentares. Desde as revoluções burguesas do século XVIII, os súditos aspiram a ser cidadãos, ainda que, em um primeiro momento, se tratasse de um privilégio de segmentos de maiores posses. À medida que se estendem as prerrogativas de cidadania, cada cidadão (filho da cidade) deveria conquistar participação efetiva. Esta, em absoluto, não se restringe ao exercício do voto, que é apenas um dos instrumentos da cidadania na sociedade democrática.
ARANHA, M.L.A e MARTINS, M.H.P. Temas de filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005. p. 259.
Cite pelo menos duas prerrogativas da cidadania.
Dentre outras, a participação na vida política pública, o acesso à justiça e a liberdade de expressão são prerrogativas da cidadania. “Desde as revoluções burguesas do século XVIII, os súditos aspiram a ser cidadãos, ainda que, em um primeiro momento, se tratasse de um privilégio de segmentos de maiores posses”.


3 - Dizemos, portanto, que a concepção política de Platão é aristocrática, pois supõe que a grande massa de pessoas é incapaz de dirigir a cidade e que apenas uma pequena parcela de sábios está apta para exercer o poder político. Aristocracia (do 8grego aristoi = melhores, e cracia = poder) é a forma de governo em que o poder é exercido pelos “melhores”, que, na proposta de Platão, seriam uma elite (do latim eligere = escolhido) que se distinguiria pelo saber. Trata-se, portanto, de uma “aristocracia do espírito”, que não está baseada no poder econômico.
COTRIM, G. Fundamentos da filosofia. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 272.
Tomando o texto como referência, qual a diferença que há entre a concepção política ateniense do século V a.C. e a concepção platônica?
A concepção política existente em Atenas no século V a.C. era a da democracia, na qual todos os cidadãos (homens atenienses maiores de 21 anos) tinham o direito e o dever de participar do governo da pólis. A concepção política de Platão contraria a democracia ateniense, como é possível identificar no texto, pois aponta que o governo de uma pólis deveria restringir-se a poucos, na verdade, apenas aos filósofos. É importante ressaltar que Platão se desiludiu com a democracia ateniense após a condenação de Sócrates à morte, em 399 a.C.

4 - Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. [...] Ao príncipe torna-se necessário, porém, saber empregar convenientemente o animal e o homem. [...] Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra os laços e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois, ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Os que se fizerem unicamente de leões não serão bem-sucedidos. Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1993, cap., XVIII, p.101-102.
O governante consegue se impor apenas pela força? Justifique sua resposta.
De acordo com as palavras de Maquiavel citadas no texto, podemos perceber que o governante não conseguirá se impor apenas e tão-somente pela força, o que implica que ele tenha a habilidade de saber quando empregá-la e quando utilizar-se de outros argumentos, se necessários, como a lei, por exemplo. Mais uma vez, a questão gira em torno da virtú, ou seja, saber reconhecer o momento certo, ou seja, “jogar com as cartas adequadas”.

5 - (ENEM - adaptado)Para o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), o estado de natureza é um estado de guerra universal e perpétua. Contraposto ao estado de natureza, entendido como estado de guerra, o estado de paz é a sociedade civilizada.
Dentre outras tendências que dialogam com as idéias de Hobbes, destaca-se a definida pelo texto abaixo.
Nem todas as guerras são injustas e, correlativamente, II. nem toda paz é justa, razão pela qual a guerra nem sempre é um desvalor e a paz nem sempre um valor.
BOBBIO, N. MATTEUCCI, N. PASQUINO, G. Dicionário de política, 5ª ed. Brasília: Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.
Comparando as idéias de Hobbes (texto I) com a tendência citada no texto II,o que podemos concluir?
O texto sobre Hobbes afirma que a paz só existe no estado civil, isto é, naquela sociedade que abandona o estado de guerra permanente por meio do pacto social, o texto do Dicionário de Política coloca a guerra como uma ação relativa, evidenciando, assim, a idéia de que em alguns momentos ela pode ser necessária.

6 - (ENEM- adaptada) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente de pensamento.
Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da eqüidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.
Coleção Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.
Segundo Locke, por que é necessário a criação do governo civil?
Locke afirma ser necessária a criação do governo civil pelos seres humanos com vistas à “mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que ele chama de propriedade.”

7 - No início do século XIX, o naturalista alemão Carl von Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou:
Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (...). Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão satisfeito e feliz.
Carl von Martius. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1982.
Que nome se dá a essa atitude de Von Martius? Justifique.
A atitude de Von Martius é típica do etnocentrismo adotado por milhares de europeus a partir do século XVI, colocando sua cultura como superior e desprezando, na maioria das vezes, a cultura do “outro”, do “não europeu”.

8 - (UFPA/PSS) É comum, nos mais diversos contextos sociais, ouvirem-se expressões negativas fazendo referência a pessoas negras, a exemplo de “Negro quando não suja na entrada, suja na saída”.
Diferencie preconceito de racismo.
O racismo pode ser distinguido do preconceito por uma série de características. O racismo repousa sobre uma crença na distinção natural entre os grupos, ou melhor, envolve uma crença naturalizadora das diferenças entre os grupos, pois se liga à idéia de que os grupos são diferentes porque possuem elementos essenciais que os fazem diferentes, ao passo que o preconceito não implica na essencialização ou naturalização das diferenças. Outra diferença entre racismo e preconceito é de que o racismo, diferentemente do preconceito, não existe apenas a um nível individual, mas também a nível institucional e cultural. Isto é uma conseqüência do fato de o racismo englobar os processos de discriminação e de exclusão social, enquanto que o preconceito permanece normalmente como uma atitude.

9 - (ENEM) Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A técnica empregada pelo índio no Brasil e por um português de Portugal era, aliás, a mesma: apanhavam o alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e médio) e atiravam-no para dentro da boca. Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem pelo Rio de Janeiro, já no século XIX, conta como “nas casas das roças despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sobre a mesa ou num balainho, donde cada um se serve com os dedos, arremessando, com um movimento rápido, a farinha na boca, sem que a mínima parcela caia para fora”. Outros viajantes oitocentistas, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham, descrevem esse hábito em todo o Brasil e entre todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasileiros “lançam a [farinha de mandioca] à boca com uma destreza adquirida, na origem, dos indígenas, e que ao europeu muito custa imitar”. Aluísio Azevedo, em seu romance Girândola de amores (1882), descreve com realismo os hábitos de uma senhora abastada que só saboreava a moqueca de peixe “sem talher, à mão”.
O que é sincretismo?
Sincretismo (fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais).O Brasil é resultado da fusão de três grandes culturas: a ameríndia, a africana e a europeia. Além da culinária, podemos ressaltar também o sincretismo religioso, muito forte até hoje na região da Bahia.

10 - Em Antropologia e funcionalismo,qual é a diferença fundamental entre o funcionalismo e o evolucionismo?
O funcionalismo centra suas análises na diversidade cultural, o que o afasta da visão etnocentrista ou eurocentrista, ao contrário dos evolucionistas. Outra diferença básica está no método de trabalho: enquanto os evolucionistas fizeram a “antropologia de gabinete” e usaram o método comparativo, os funcionalistas primaram pela “observação participante”.

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