1. Justifique e relacione o espaço geográfico com a natureza e o trabalho.
O trabalho é uma atividade física ou mental pela qual o homem transforma a paisagem natural em segunda natureza; além disso, historicamente o trabalho se realiza socialmente sob a forma de cooperação ou competição através das forças de produção (ferramentas) e dentro de determinadas relações de produção (entre donos dos meios de produção e a força de trabalho).
2. Como o espaço geográfico retrata a sociedade em que vivemos?
Em sociedades mais justas, como nos países desenvolvidos, o espaço geográfico da produção, da circulação e consumo apresenta maior intensidade e modernidade de suas relações e menores contrastes sociais e urbanos; enquanto isto, nos países periféricos ocorre uma segregação espacial urbana (contrastes entre setores urbanos modernos e periferias marginalizadas) como reflexo das desigualdades sociais, além de menor intensidade das relações entre produção-circulação-consumo.
3. Que repercussão teve a Revolução Industrial sobre o espaço geográfico?
Após a Revolução Industrial a cidade começou a organizar o espaço geográfico e se transforma a natureza e o trabalho em mercadorias. O espaço geográfico fabril comanda a cadeia produtiva: consome cada vez mais matérias primas, fontes de energia para fabricar máquinas (para outras indústrias e para a agricultura (espaço geográfico da produção) e bens úteis aos consumidores; paga a força de trabalho; aumenta as relações entre produtores e consumidores através do comércio, meios de transportes (espaço da circulação e consumo) e a propaganda (espaço da mídia).
4. Faça a distinção entre técnica e tecnologia.
A técnica representa a habilidade ou conjunto de processos para se executar uma atividade – existe desde que o homem é um animal racional. A tecnologia iniciou-se no século XVIII, com a Revolução Industrial, representando a aplicação de conhecimentos científicos às atividades humanas, conferindo-lhe maior produtividade (eficiência); quem aplica a tecnologia sem se preocupar com os problemas sociais chama-se tecnocrata.
5. Esquematize os modelos de industrialização desde o século XVIII até hoje.
A) Industrialização clássica ou original – assim chamada porque se iniciou nos séculos XVIII - na Inglaterra, e XIX – em outros países europeus, como a França e Alemanha, e se difundiu para a América do Norte – Estados Unidos e para o Japão.
B) Industrialização socialista ou planificada – cujas características são a propriedade coletiva dos meios de produção e a planificação econômica, como ocorreu na ex-União Soviética, de 1920 a 1989 e nos países da Europa Oriental sob sua influência desde a II Guerra Mundial.
C) Industrialização Tardia, Periférica ou Retardatária – assim denominada porque ocorreu em países subdesenvolvidos da América Latina, como o Brasil, o México e a Argentina, depois da II Guerra Mundial com a entrada de transnacionais produzindo bens de consumo duráveis e de um volume enorme de capitais estrangeiros, tornando-os mais dependentes econômica e tecnologicamente que os demais países subdesenvolvidos. Os chamados “tigres asiáticos” sofreram uma industrialização tardia depois da década de 60, no entanto não se encontram numa situação periférica na divisão internacional de trabalho da atualidade.
D) Modelo flexível ou descentralizado de industrialização – representado pelas deseconomias de aglomeração e pelo “outsourcing”. No primeiro ocorre simultaneamente a centralização do gerenciamento e tecnologia nos países centrais e a descentralização do processo produtivo, ora através da criação de filiais em outros lugares, ora através da terceirização em que se contratam empresas para fabricar seus produtos (ex.: Nike). O “outsourcing” representa a transferência de serviços (de baixa ou alta tecnologia) através da Internet dos países centrais para países emergentes. Ambos os modelos buscam vantagens comparativas maiores (ou custos diferenciais menores), mas acarretam desemprego nas áreas de origem das empresas.
6. Compare as 3 fases da Revolução Industrial quanto à época e às técnicas que as desencadearam.
A) I Revolução Industrial – no século XVIII, utilizando-se a máquina a vapor especialmente em industriais têxteis, convergindo o capital e o trabalho na sua matriz energética que era o carvão mineral e estabelecendo a hegemonia britânica até a I Guerra Mundial.
B) II Revolução Industrial – na segunda metade do século XIX até a II Guerra Mundial, protagonizada por outros países europeus além da Inglaterra (como a França e Alemanha), pelos Estados Unidos (que tornaram-se hegemônicos após a I Guerra Mundial) e o Japão, tendo como matriz energética especialmente o petróleo, além da eletricidade e outras invenções como o telefone, o telégrafo; usa mão de obra especializada (fordismo) e tem na indústria automobilística o seu principal símbolo depois da década de 20 do século XX.
C) III Revolução Industrial ou Revolução Tecnocientífica – originária no pós-guerra com as Eras Espacial e Nuclear (nos EUA, gerando as tecnologias de ponta da informática e das telecomunicações e da energia atômica), protagonizando a “economia do conhecimento” com sua mão-de-obra muito qualificada, criando o meio técnico-científico artificial e virtual através da Internet e do uso de “high-tec” do espaço geográfico globalizado contemporâneo.
7. A Revolução Tecnocientífica protagoniza a “economia do conhecimento”. Justifique.
A economia do conhecimento ou nova economia ou ainda economia da informação é produto da Revolução Tecnocientífica,pois ela repousa na qualificação da mão-de-obra resultante de maior escolaridade, apresentando uma enorme eficiência e flexibilidade (pós-fordismo). Esta economia se caracteriza pela enorme capacidade de armazenamento e distribuição de dados (informática), pelos processos de automatização (robótica), pela instantaneidade propiciada pelas telecomunicações e telemática, pela manipulação genética (bioengenharia) e por outras tecnologias de ponta – fonte de poder e supremacia dos países desenvolvidos.
8. O que representam as tecnopólos da atualidade? Exemplifique.
A Revolução tecnocientífica nos países centrais enseja a criação de cidades científicas, ou tecnópolis onde se desenvolvem atividades quaternárias (ou do terciário superior) de pesquisa em laboratórios de grandes empresas e universidades integradas localmente como com o resto do mundo, através dos fluxos telemáticos ou infovias (a mais formidável rede de comunicação do espaço geográfico terrestre). O exemplo mais ilustrativo de tecnopólo é o Vale do Silício (perto de S. Francisco da Califórnia), além da Route 128 (próximo de Boston), a de Tsukuba (no Japão), a de Paris-sud (França), o corredor M4 (próximo de Londres)...
9. Demonstre como o Estado organiza o espaço geográfico.
Mesmo o Estado capitalista onde impera a livre iniciativa e os meios de produção são, em sua maior parte, de propriedade privada, é de sua competência a construção da infra-estrutura econômica ( redes de água, luz, esgoto, estradas), da qual se incumbem empresas estatais, além de investimentos sociais em educação e saúde. Como o espaço geográfico da produção, circulação e consumo e das idéias é resultante da ação humana, esta é controlada direta ou indiretamente pelo Estado, ora pela emissão de documentos, ora pelo recenseamento, ora pela cobrança de impostos, ora pela censura dos meios de comunicação e assim por diante.
10. Esquematize as características principais da Velha e da Nova Ordem Mundial.
A Velha Ordem Internacional se prolongou desde a I Revolução Industrial até a II Guerra Mundial – ela foi multipolar, na medida em que disputavam a hegemonia mundial a Inglaterra, a Alemanha, a França, os Estados Unidos – estes últimos superando a supremacia britânica após a I Guerra Mundial. A Velha Ordem foi marcada pelo neocolonialismo europeu na Ásia e África, pelos norte-americanos no Caribe e pelos japoneses no Oriente; além disso o capitalismo passou a ser financeiro e monopolista desde fins do século XIX até hoje.
A Nova Ordem Mundial se inicia nos anos 40 do século XX (após II Grande Guerra) e mantém sua vigência até hoje; apresenta uma primeira fase bipolar da Guerra Fria entre as superpotências – EUA capitalista e democrático x URSS socialista e ditadura – desde a II Guerra Mundial até 1989. Daí em diante ocorre um equilíbrio geopolítico chamado de unimultipolaridade. Nesta Nova Ordem Internacional impera a globalização do espaço geográfico.
11. A bipolaridade da Guerra Fria findou com o esgotamento da ditadura stalinista soviética. Justifique.
As razões do esgotamento da ditadura stalinista soviética nos anos 80 do século XX se encontram na incapacidade do modelo centralizador da burocracia do Partido Comunista em acompanhar os avanços tecnológicos (com exceção do setor aeroespacial), em atender às demandas da população pela falta de liberdade e ineficiência de produzir bens de consumo pelos planos qüinqüenais, em gastar demais na corrida armamentista e na manutenção de suas bases militares no mundo todo.
12. Por que a Nova Ordem Mundial é unimultipolar?
Inicialmente a Nova Ordem Mundial vigente depois da Queda do Muro de Berlim era multipolar; entretanto, atualmente a maioria dos especialistas afirma que o equilíbrio geopolítico atual é unimultipolar, pois coexistem uma superpotência militar – os EUA – que apresentam uma hegemonia militar sem competidores (apenas em tese a Rússia é uma superpotência militar); enquanto, de outro lado, o Japão, a União Européia e os Estados partilham uma supremacia tecnológica e econômica.
13. Por que e como o espaço geográfico atual é cada vez mais globalizado e representa o neocolonialismo?
Os agentes do neocolonialismo e da globalização são os mesmos: as transnacionais – aumentando sua competitividade pela sua fusão e associando tecnologias entre si; os bancos internacionais e fundos de pensão e de investimentos – com seus ativos financeiros investindo em bolsas de valores e de mercadorias em ações e títulos da dívida pública. Os três agentes da globalização se valem das redes de telecomunicações produzidas pelo meio técnico-científico informacional da III Revolução Industrial.
14. O que representam os modos de produção e os meios de produção, que mudam conforme a evolução histórica e tecnológica do espaço geográfico?
Os modos de produção se constituem pelas relações de produção – entre proprietários dos meios de produção e o trabalho – e pelas forças produtivas (o homem e suas ferramentas). Os meios de produção se relacionam tanto aos meios de trabalho – como ferramentas e máquinas, quanto os objetos de trabalho – como as matérias primas.
15. Diferencie a atitude do homem diante do meio ecológico antes e depois da Idade Moderna com a introdução do capitalismo.
A interação homem-natureza (ou meio ecológico) nas sociedades tradicionais até a Idade Moderna era de integração e respeito; no entanto, a partir do capitalismo passou a ser uma relação de posse e domínio, pois a natureza é considerada uma mercadoria.
16. Quanto mais desenvolvido é o país, mais intensa é a divisão local de trabalho. Explique esta frase.
A divisão local de trabalho ocorre pelas relações de produção entre campo – produzindo gêneros do setor primário – e cidade – fabricando produtos do setor secundário e vendendo serviços. O campo perdeu sua mão-de-obra pelo êxodo rural, mas aumentou sua eficiência pela compra de máquinas e tecnologia urbanas. Quanto mais forte o mercado interno, mais intensas são as relações de produção entre campo e cidade.
17. Como se opera a DIT na Nova Ordem Mundial após 1989.
Cada vez mais se acentuam as disparidades entre o Norte desenvolvido e o Sul subdesenvolvido, visto que este exporta produtos primários de baixo valor agregado, além de uma soma considerável de juros – relativas às suas dívidas externas - e de lucros remetidos pelas transnacionais nele estabelecidos, sangrando cada vez mais sua combalida economia.
18. Relacione a III Revolução Industrial com o processo de globalização.
O setor terciário superior de pesquisas exige muito capital, de que apenas o Estado e grandes empresas dispõem – daí a necessidade de mundializar a economia, a fim de se obter um retorno mais rápido dos altos investimentos. Por outro lado, a modernização das redes materiais de transportes e imateriais de telecomunicações decorrentes da III Revolução Industrial facilitaram a circulação de capitais e serviços. Além disso as pesquisas trouxeram maior competitividade (lucratividade e produtividade) às empresas.
19. Como se explica a ocorrência contemporânea dos processos de globalização e de fragmentação política?
A fragmentação política ocorre por causa de nacionalismos e fundamentalismos, sobretudo o islâmico, que se opõem à padronização cultural decorrente da globalização. Por outro lado, a pobreza, a flexibilização do mercado de trabalho, o desemprego provocam a fragmentação social que exclui a maioria da população mundial dos efeitos modernizantes da globalização.
20. Por que a padronização que se opera com a globalização da economia é parcial.
A padronização técnica significa aumento de competitividade, mas a padronização cultural representa a perda de identidade dos valores nacionais (tradições, folclore, língua); esta, porém, é parcial ora em virtude da conscientização das comunidades em relação a estes valores histórico-culturais, ora pela exclusão social, ora pela ação de grupos fundamentalistas religiosos.
2 comentários:
NÃO ESQUEÇA:
Divisão técnica de trabalho - executadas nas fábricas.
A) Fordismo - caracteriza-se pela especialização das tarefas de trabalho (sistema rígido de trabalho mecânico e repetitivo, aumentando a produtividade do processo de produção), pela estandardização ou padronização da produção na linha de montagem. O fordismo induziu à concentração e verticalização das fábricas num processo de convergência dos agentes de produção (terra, capital, trabalho, empresa) e da cadeia produtiva.
B) Consórcio Modular – Cada módulo de produção (ocupado por fornecedores, antes fora da empresa, agora dentro dela) fabrica um conjunto de componentes da linha de montagem para elaborar o produto final reduzindo custos de transportes e de estocagem destes componentes, aumentando o lucro da empresa. Exemplo: a fábrica de caminhões da Volkswagen, em Resende, onde os fornecedores produzem em seus módulos o chassis, os eixos, as suspensões e molas, as rodas e pneus conforme a demanda interna.
C) Just-in-time (ou toyotismo) - criado pelos japoneses para diminuir custos após as crises petrolíferas. É um método gerencial em que as mercadorias devem ser entregues aos clientes com qualidade e respeito aos prazos, mas não menosprezando a originalidade e criatividade dos agentes produtivos.
As palavras just-in-time significam “tempo justo” - as várias etapas do processo produtivo são acertadas entre fornecedores, produtores e clientes, determinando custos menores de estocagem e uma produção de acordo com o mercado.
A produção está vinculada aos interesses imediatos do mercado, trabalhando-se com um estoque mínimo, exigindo polivalência dos empregados (mais qualificação), pressupondo equipe de trabalho (não mais linhas rígidas de produção) e desregulamentação (trabalho flexível e temporário) e, finalmente, plantas industriais descentralizadas em busca de custos menores (desterritorialização).
Essas duas últimas modalidades de divisão técnica de trabalho (B e C) estão inseridas nas inovações geradas pela III Revolução Industrial e seu modelo sistêmico-flexível de trabalho (flexibilidade do trabalho em relação a horários e não fechado em esquemas de produção como os primeiros). Em síntese, são métodos de gerenciamento empresarial com os objetivos de reduzir os custos de armazenamento de peças e dos produtos e de atendimento do mercado conforme suas necessidades.
muitoo bom o site
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