segunda-feira, 14 de maio de 2007

CRISE DA URSS

Após a II Guerra Mundial, a URSS converteu-se, lado a lado aos EUA, numa das maiores potências mundiais.Tem início um período de tensão mundial que ficou conhecido como Guerra Fria, que contrapôs por quase 45 anos os dois maiores arsenais do mundo, o norte-americano e o soviético. Ao mesmo tempo em que essas forças antagônicas se confrontavam internacionalmente, dentro da URSS, o final dos anos 50 e início dos anos 60 presenciaram alguns dos momentos mais prósperos do país.

Ocorreram sérias melhoras na oferta de produtos para o consumo da população (nada comparável aos níveis de consumo do mundo capitalista ocidental, mas para os níveis soviéticos, um grande progresso):aumento da oferta de moradias; saída na frente na corrida espacial: o lançamento da primeira nave espacial não tripulada (o Sputinik), o lançamento do primeiro ser vivo no espaço (a cachorrinha Laika) e, pouco depois, o lançamento do primeiro cosmonauta, Yuri Gagarin.

Na política mundial, a URSS mostrava seu poderio militar e a capacidade de influência ideológica, opondo-se aos EUA onde quer que a Guerra Fria assim demandasse.
Dessa forma, assiste-se à Guerra da Coréia, à Crise dos Mísseis em Cuba, à construção do muro de Berlim e ao recrudescimento do conflito do Vietnã.
A indústria bélica soviética, impulsionada pela corrida com os EUA, crescia a passos largos, desenvolvendo armas, bombas atômicas e de hidrogênio cada vez mais poderosas e sofisticadas.

Esse desenvolvimento militar não foi, entretanto, acompanhado pela indústria de consumo civil, que na década de 70 se viu ultrapassada em qualidade e oferta pelos produtos do mundo capitalista ocidental.
Em outra frente, a agrícola, as coisas iam de mal a pior: por ineficiência técnica e problemas climáticos (invernos rigorosos), as colheitas soviéticas declinavam vertiginosamente.
Em meados dos anos 70, a URSS foi obrigada a importar trigo do ocidente, com produtos vindos da Europa, EUA e até Argentina.

O governo soviético de Leonid Brezhnev, ciente da necessidade de direcionar para o setor civil parte do desenvolvimento obtido na indústria bélica, tentava esvaziar a corrida armamentista, assinando com os EUA vários acordos para redução da fabricação de mísseis, como os acordos SALT.
Entretanto, a envelhecida liderança soviética não era capaz, por comodismo ou ineficiência, de promover as mudanças radicais de que a URSS precisava.
üAssim se passam os anos 70. As coisas se aceleram na década de 80.
Do outro lado do Atlântico, chega ao poder dos EUA Ronald Reagan, que, como presidente do conservador Partido Republicano, vê na URSS um mortal inimigo a ser combatido em todas as frentes.
O governo norte-americano passa a armar as guerrilhas afegãs, afundando a URSS numa guerra de desgaste violento.
Por sugestão do presidente, a indústria de guerra americana começa a desenvolver um sistema de defesa espacial antimísseis, que ficou conhecido como “Guerra nas Estrelas”.

Isso era muito para a indústria bélica soviética e as velhas lideranças do PC. Em 1982, morre Leonid Brezhnev, substituído por Yuri Andropov. Dois anos depois Andropov também morre e é substituído por Constantin Tchernenko, que em menos de um ano também falece. Estava aberto o caminho para a nova liderança. Sobe ao poder em 1985, como secretário-geral do Partido Comunista da URSS, Mikhail Gorbachev.
Pela primeira vez a URSS tem um líder que não havia participado da Revolução Russa ou da II Guerra Mundial, alguém que havia feito carreira dentro das universidades soviéticas, que havia participado do governo, como Ministro da Agricultura, e conhecia de perto os problemas que a URSS vinha enfrentando.
Sua primeira proposta, ao assumir o governo, foi promover uma tentativa de reestruturação do socialismo soviético, injetando maior dinamismo à economia. Essa proposta, conhecida como perestroika, pregava maior liberdade no funcionamento das empresas, maior liberdade para as iniciativas privadas e a possibilidade, se bem que limitada, de investimentos externos.

üComo tal proposta não surtisse alterações, apesar de aplaudida pelos líderes do partido, Gorbachev tenta uma segunda proposta: a glasnost. A palavra russa, que significa “transparência”, queria dizer que eram necessárias críticas ao sistema para que este se reestruturasse.
A glasnost propunha, então, maior liberdade de expressão, maior possibilidade para que as pessoas manifestassem suas insatisfações, o que favoreceria a busca de soluções para os problemas.
Se, por um lado, a glasnost permitiu realmente maiores críticas ao sistema, por outro lado, diversas pendências que se arrastavam pelos anos de fechamento político começaram a vir à tona: a insatisfação de membros do Partido Comunista diante da falta de oportunidades políticas dentro do PC, entre eles Boris Yeltsin, ex-prefeito de Moscou, que sai do partido para fundar outra agremiação política (mais tarde seria eleito presidente da República da Rússia, ainda dentro da URSS); o desejo de independência por parte de nacionalidades descontentes dentro da União etc.

As reformas que eram encaminhadas por Gorbachev, e eventualmente aprovadas pelo Congresso, não surtiam efeito. Aumentava a insatisfação popular.
üNa véspera da votação de um nova lei sobre a estrutura da federação, membros conservadores do Partido Comunista promovem um golpe contra Mikhail Gorbachev.
Ele foi preso em uma casa de campo na Criméia, enquanto os golpistas promulgavam na televisão um retorno aos antigos princípios da URSS. Os golpistas conclamam o povo e as Forças Armadas a apoiá-los.
üEntretanto não há reação, nem do povo, nem do Exército. Isso dá oportunidade a que os grupos que haviam conseguido destaque durante os tempos de glasnost promovessem um contragolpe.
Liderados por Boris Yeltsin e com o apoio dos presidentes de outras repúblicas, os contragolpistas libertaram Gorbachev e prenderam os líderes reacionários do PC.

Quando do final da URSS, em 1991, os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia tentaram criar uma nova organização que, respeitando a independência política de cada uma, mantivesse o funcionamento da economia dos países.
Assim surgiu a CEI, Comunidade dos Estados Independentes, que enveredava pelo sistema econômico capitalista.
Essa organização recebeu a adesão relativamente rápida das outras repúblicas, compondo 12 países no final de 1993.
EXERCÍCIOS

(Mackenzie-SP) “Quando, em agosto de 1991, os conservadores tentam derrubar Gorbatchev, Yeltsin intuiu o momento político e colocou-se à frente da resistência aos golpistas.”
História Moderna e Contemporânea – Alceu l. Pazzinato e Maria Helena Senise
O texto acima relaciona-se exceto com:
a. o contexto de estruturação da Nova Ordem Internacional e fim da URSS;
b. a desintegração da URSS e o surgimento de quinze estados independentes;
c. substituição da URSS pela CEI;
d. insatisfação da população soviética com o desequilíbrio entre produção e consumo;
e. desintegração da Rússia e criação do COMECON.

(Fuvest/2001) Após o término da bipolaridade, característica do período da Guerra Fria, os conflitos armados
a) aumentaram, devido à inegável supremacia militar dos Estados Unidos no mundo.
b) diminuíram, devido ao surgimento de outros pólos de poder no mundo.
c) diminuíram, devido à derrota do socialismo soviético.
d) aumentaram, devido à retomada de antigas diferenças étnicas e religiosas entre povos.
e) aumentaram, devido ao crescimento de países que detêm armas nucleares.

(Mackenzie - 2004) No mundo “globalizado”, sem as grandes oposições ideológicas que permeavam o período da Guerra Fria, ainda se verificam diversos conflitos sangrentos por territórios, que se embasam em questões religiosas, étnicas e nacionalistas. Dentre esses conflitos, a Questão da Chechênia coloca a população local contra o governo russo, que teme, entre outros fatores, que:
a) as manifestações pró-socialismo na região desestabilizem o atual governo, de Vladimir Putin.
b) o fundamentalismo islâmico se alastre por outras regiões, encorajando o separatismo regional. c) as jazidas de urânio e a Usina Nuclear de Chernobyl caiam nas mãos dos fundamentalistas islâmicos que vivem na região.
d) haja desestabilização das instituições russas pré-estabelecidas, em virtude das lucrativas atividades ligadas ao narcotráfico na região.
e) as jazidas de petróleo e os oleodutos existentes na região fiquem sob o controle das Sete Irmãs Petrolíferas, empresas que financiam os movimentos separatistas.


(Cásper Líbero 2005) Foi durante a Guerra Fria que surgiram as expressões Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo. Embora questionadas quanto à sua real validade, elas permaneceram até o fim desse período de bipolaridade político-ideológica. O novo período que se inaugurou na década de 1990 trouxe uma “nova classificação” para distinguir os países quanto à riqueza: as expressões Norte e Sul. Sobre a divisão Norte e Sul, pode-se afirmar que
a) é mais precisa do que a anterior, pois permitiu distinguir com relativa precisão que os maiores problemas de ordem socioeconômica, atualmente, estão concentrados nas áreas ao sul do Equador.
b) representa um avanço em termos de regionalização do espaço mundial porque localiza espacialmente a ocorrência da pobreza permitindo ações concretas dos órgãos supranacionais como a ONU ou o FMI.
c) é genérica e simplificadora, pois a pobreza não se restringe somente aos países subdesenvolvidos, uma vez que mesmo nos países do Norte, considerados ricos, o número de indigentes tem gradualmente aumentado.
d) permite analisar com rigor os efeitos da descentralização da economia mundial que contribuiu para a formação de pólos de poder independentes dos tradicionais centros de decisão situados na Europa Ocidental ou nos Estados Unidos.
e) é arbitrária, pois a globalização difundiu avanços técnicos e intensificou a industrialização pelo mundo todo e, portanto, reduziu as diferenças socioeconômicas existentes anteriormente.

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