Os mitos
A filosofia surgiu por volta de 600 a.C. na Grécia. Antes dela, as explicações para as coisas eram resultantes dos mitos que são histórias de deuses. Os mitos surgiram da necessidade do homem justificar fenômenos como o crescimento das plantas, as chuvas, os trovões, etc. Tudo que ocorria aqui na Terra estava intimamente ligado ao que acontecia no mundo dos deuses. Dessa maneira, secas, epidemias e outras coisas ruins eram reflexo de que as forças do mal triunfavam sobre as do bem e o inverso ocorria quando havia fartura e riqueza.
Por volta de 700 a.C. Homero e Hesíodo registraram por escrito boa parte da mitologia grega. Isso foi importante, pois agora era possível questioná-la.
Xenófanes foi um filósofo crítico em relação aos mitos pelo fato de seus representantes terem sido criados à imagem e semelhança das pessoas. Nessa mesma época começaram a surgir as cidades-Estados na Grécia e em outras regiões e como o sistema era escravista, os homens livres podiam participar mais dos eventos políticos, culturais, etc. Com isto, houve uma evolução no modo de pensar e às explicações pelos mitos seguiram-se "explicações naturais para os processos da natureza".
Os filósofos da natureza - A denominação "filósofos da natureza" é dada aos primeiros pensadores gregos por estes se interessarem pelos processos naturais. Eles partiram do pressuposto de que sempre existiu alguma coisa e, vendo as transformações que ocorriam no meio ambiente, indagavam-se como aquilo era possível. Então, acreditavam que havia uma substância básica que subjazia a todas essas transformações. Esses filósofos também tentaram descobrir leis eternas a partir da observação dos fatos, desconsiderando as explanações mitológicas. Assim, a filosofia se libertava da religião e os primeiros indícios de uma forma científica de pensar começavam a aparecer.
Tales, Anaximandro e Anaxímenes, três filósofos de Mileto. Tales achava que a água era um elemento de fundamental importância. Dela tudo se originava e a ela tudo retornava. Anaximandro não pensou como Tales. A seu ver, a Terra era um entre vários mundos surgidos de alguma coisa, sendo que tudo se dissolveria nessa "alguma coisa" que ele denominava de infinito. Anaxímenes (c. 550-526 a.C.) cria que o ar era a substância básica de todas as coisas. A água seria a condensação do ar e o fogo, o ar rarefeito. Pensava ainda que se comprimisse mais ainda a água, esta se tornaria terra.
Para Parmênides, nada podia vir do nada e nada que existisse poderia se transformar em outra coisa. Era extremamente racionalista e não confiava nos Sentidos. Não acreditava nem quando via, embora soubesse que a natureza se transformava.
Heráclito pensou que a principal característica da natureza eram suas constantes transformações. Ele confiava nos Sentidos. Sobre ele, podemos falar ainda que acreditava que o mundo estava impregnado de constantes opostos: guerra e paz, saúde e doença, bem mal e que reconhecia haver uma espécie de razão universal dirigente de todos os fenômenos naturais.
Para acabar com o impasse a que a filosofia se encontrava, Empédocles (c. 494-434 a.C.) fez uma síntese do modo de pensar de Heráclito e Parmênides e com isso chegou a uma evolução do pensamento. Empédocles acreditava na existência de mais de uma substância primordial. Para ser mais exato, havia quatro elementos básicos: terra, ar fogo e água e tudo existente era produto da junção disso, em proporções diferentes. Achava também que o amor e a disputa eram duas forças que atuavam na natureza. O amor une e a disputa separa as coisas.
Anaxágoras (c.500-428 a.C.) declarava que as coisas eram constituídas por pequenas partículas invisíveis a olho nu. Estas podiam se dividir, mas mesmo na pequena parte existia o todo. Ele denominava estas partes minúsculas de sementes ou germens. Também imaginou uma força superior, a inteligência, responsável pela criação das coisas. Anaxágoras foi o primeiro filósofo de Atenas, mas foi expulso da cidade acusado de ateísmo. Interessava-se por astronomia, explicou que a Lua não possuía luz própria e como surgiram os eclipses.
Demócrito (c. 460-370 a.C.) foi o último filósofo da natureza. Ele imaginou a constituição das coisas por partículas indivisíveis, minúsculas, eternas e imutáveis e as chamou de átomos. Estes, a seu ver, possuíam vários formatos, se diferenciavam entre si e podiam ser reaproveitados. Por exemplo, quando um animal morresse seus átomos participariam da constituição de outros corpos. Era justamente por isso que o Lego era o brinquedo mais genial do mundo. Ele podia ser utilizado para a construção de vários objetos, ficando a cargo da imaginação das pessoas. Era resistente e "eterno", pois em qualquer época, crianças se interessavam por este tipo de entretenimento. Com os conhecimentos atuais, sabe-se que Demócrito estava certo em grande parte de sua teoria, mas errou ao falar que os átomos são indivisíveis. Demócrito foi um filósofo que valorizou a razão e as coisas materiais. Não acreditava em forças que interviessem nos processos naturais. Achava também que sua teoria atômica explicava nossas percepções sensoriais e que a consciência e a alma também se constituíam de átomos. Ele não acreditava numa alma imortal.
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